sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Prelúdio

E chegamos mais uma vez ao fim do ano, algum pai de santo ou cartomante perdeu a credibilidade já que havia previsto que o mundo acabaria esse ano, alguém sempre prevê isso, até os pastores das paradas de ônibus e cientistas neuróticos.

Como todo fim/começo de ano as pessoas ficam mais alegres e nervosas para festas. Começam a ligar para amigos de longa data que passam o ano todo deixando de lado desejando feliz ano novo e um natal feliz, desejam saúde e prosperidade mas não te dizem saúde quando você espirra e te invejam por algum sucesso, qualquer que seja. Não, eu não reclamo da hipocrisia, isso é natural e honestamente sou um tremendo cara-de-pau (já pensei até ser político!), mas não deixo de achar extremamente cômico isso. É incrível como o nascimento de um bebê há milhares de anos deixa as pessoas amigáveis, vai ter muito lenço de papel jogado fora por estar encharcado de lágrimas.

Bom, vamos mudar o ponto de vista, afinal esse blog não não vai ser para falar as minhas percepções, e sim vai ser algo mais pessoal, vai falar sobre mim, egocêntrico e cara-de-pau enfim, sou humano, né? Por favor, também tenho qualidades, mas falar delas aqui ia soar como arrogância e meu passaporte para o hipotético inferno já estaria selado em três parágrafos, deve ser um recorde pessoal meu e sem blasfêmias!

Vou voltar alguns fins de ano atrás para dar base aos próximos posts.

Em 2004 fiquei em Teresina com a minha família, não me lembro como foi direito, devo ter passado a maior parte dos dias nas casas de amigos, afinal havia acabado o Ensino Médio e seria provavelmente o último ano que faríamos aquilo, e acho que foi realmente. Também houve os resultados de vestibulares, todo mundo feliz e alegre, deve ter sido um bom fim de ano, realmente não me lembro como foi com detalhes, e não me levantem a hipótese de amnésia alcoólica, ainda não bebia, muito.

Agora vamos aos dois últimos e esses sim foram mais relevantes para se entender a minha angústia presente.

Em 2005 fiquei o ano sem fazer nada. Absolutamente. Foi também a última vez que consegui ficar assim, fiz bons amigos pela internet e blá-blá-blá. Foi também o ano que meus pais se separaram, então pelo menos isso mudou alguma coisa senão seria um ano no nada, perdido, exceto por umas aulas de Photoshop e algo do tipo.

No fim desse ano estava no apartamento para o qual havíamos mudado havia 2 ou 3 meses antes. Numa manhã de dezembro desocupada como todas as outras dos meses anteriores meu tio me abre a janela do MSN, segue o diálogo:

- Elói, vai fazer o que esse fim de ano?
- Não tenho nada planejado tio.
- Pois arruma suas malas que você vem para São Carlos amanhã.

E assim foi, no começo da noite do dia seguinte cheguei em Congonhas, meu outro tio ia me pegar junto com a minha prima, a última vez que eu a vi ela ainda estava trocando os dentes e agora estava já no ginásio, sinal que o tempo passou.

Em São Carlos o mundo gira ao redor das universidades e das fábricas e ambas costumam desacelerar o passo no fim de ano, isso significa muita gente livre e como a população lá é de jovens então isso implica em muitas festas. Oba!

Só não avisaram direito para os meus primos isso... a saída lá é basicamente barzinho, isso para mim que ia basicamente para shows então era meio parado, ah... então achei que foi um fim de ano com muita bebida e pouco ritmo, mas foi divertido, exceto quando ficava bêbado, mas acontece. Ah sim, não me lembro como foi o natal mas se não me engano foi nesse ano que meu primo fez uma burrada e perdemos um belo reveillon, mas enfim, é o tal do Murphy.

Em 2006 voltei para THE uma semana depois das aulas terem começado na faculdade, então ai já comecei no ritmo certo, sendo que na segunda semana já tinha professor não gostando de mim por tirar a sala para ir para a nossa calourada.

Então deu para pegar o ritmo né? Foi um excelente ano festas e conhecendo gente nova o tempo todo na universidade. No fim do ano já me perguntavam quem é que eu não conhecia no curso. Então resolvi ir para São Paulo, sabe como é, 10 anos aqui em THE já deu para encher o saco... Voltemos à terra não-natal.

Decidi fazer vestibular de novo, num período excelente, no fim das inscrições, só deu para pegar da UNESP, mas sem problema. E fui para lá fazer o vestiba, quase sem estudar, não deu certo, mas como já havia dito no "ano" anterior as festas foram legais, exceto pela parte de eu ficar bebado, que aconteceu com alguma freqüencia dessa vez... Fiquei lá até depois do carnaval, resultado, toda a minha orientação de período foi dissipada, estava perdido no curso agora, igual à um astronauta no espaço sem cabo lhe prendendo à nave-mãe, em outras palavras, LASCADO.

Passei o ano extremamente ocupado sendo um vagabundo. Tinha a manha de não fazer nada e ainda convencia as pessoas à nadear (neologismo elóico para fazer nada, já que nadar já existe) comigo. Era um expert, se tivesse um prêmio para isso eu ia ser o grande ganhador, haviam várias pessoas que me procuravam apenas para eu ensina-las à fazer o grande nada, era um verdadeiro astro. E como todo astro eu precisava de um palco, e nenhum palco melhor que a Universidade. Expandi meus domínios do CCHL até o DCE, o que seja que estivesse acontecendo Elói sabia disso, se não soubesse ele estava em estava alfa e estava no meio. Pelo menos até o meio do ano.

Percebi que realmente era um astronauta solto no espaço quando me vi pegando uma matéria no último semestre, sim último, por que resolvi, mais uma vez, trocar de curso. Aliás, esse não foi bem o sentido da coisa, resolvi ter alguma ambição, algum desejo e focar nele, como não fui esperto o suficiente para pensar em muitas coisas fechei em uma bem geral, ganhar dinheiro, mas de que maneira? Primeira, assalatar um banco, ai lembrei que se pego não ia poder gastar, o que não ia ter graça. Segunda opção, fazer acréscimo de disciplinas e levar o curso adiante de maneira séria para um dia eu me tornar um bom jornalista e ter grandeza para escrever livros e publica-los numa grande editora ganhando muito dinheiro, logo depois lembrei que estou no Brasil, onde o cara que mais vende é o Paulo Coelho, o que me levou inubitavelmente à terceira opção. Fazer algo que sei.

Não sei se por bondade, desconhecimento, mal gosto ou até mérito meu alguns amigos gostam realmente da minha comida, então vamos por esse caminho. Fechei um grupo pequeno e que tenho fácil acesso e comecei a cozinhar mais e mais, exceto por umas duas vezes em que realmente ficou ruim -ou mais, só chutei esse número- eles nem reclamavam tanto e até elogiavam. Pronto, era esse o caminho, vou para a cozinha hoje e amanhã tenho uma rede de restaurantes, por mim sem problemas.

Isso me gerou um problema, jornalistas realmente não foram feitos para ganhar dinheiro, não nas cifras que estou pensando.

Bom, mas para isso ia ser preciso algum capital para se começar, coisa que não tenho, mas conheço quem tem. Então, chama-se um grande amigo para vir passar o reveillon aqui e já se estuda sobre o caso, ia ser um fim ano excelente, ainda mais pelo fato de a maior pedra estar fora do caminho, a minha mãe e irmãos estavam arrumando malas para ir à São Paulo, então ficaria sozinho aqui, férias com tudo para serem excelentes!

Pois é, quem estudou um pouco de conjugação verbal viu pelo tempo no Pretérito Imperfeito que a ação não se realizou ahn... perfeitamente.

Familia fica aqui, amigo fora e eu estou num lugar que nunca estive antes, em Teresina no fim de ano, o que diabos se faz aqui?!

E a partir do sábado 22 de dezembro começo a narrar o meu diário de bordo.

Até mais.

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